É sempre pedir demais ser livre.
Quando as mãos gananciosas pegam os olhos abertos de sua alma.
Quando tudo que querem de você é o suco do seu suor.

É sempre pedir demais ser livre.
Quando sua mãe só deseja que você seja algo melhor para ela.
Quando seu pai acha que você não será ninguém se não for alguém na sociedade.

Acho que seria mais feliz.
Seria bem mais feliz.
Se fosse livre.
Livre de cobranças.
Livre para ser o que eu quero e não o que a sociedade quer que eu seja.

É sempre pedir demais ser livre.
E quando te perguntam se você é feliz e você reponde que não e acham que você mente?
É sempre pedir demais ser livre.
Porque você está sempre sorrindo, então você com certeza é de fato, feliz.

Acho que seria infinitamente feliz.
Seria oniricamente feliz.
Se fosse livre.
Embaixo da ponte eu seria livre.
Com um banjo debaixo da ponte eu seria livre.
Com as cores dos meus desenhos eu seria livre.
Mesmo pobre eu seria livre.
Eu seria livre.
Tudo que queria era ser livre.
Feliz.
Livre.

Furo.

E retorce, brandamente.
Um laço amarrado, apalpado, quente.
E amassa, devagar.
Uma rotina enfadada, sem luar.

Moro num lugar onde o sol brilhar é uma maldição.
Onde há crianças debaixo da ponte.
E tudo em marrom parece um grande vão.

A placa do motel brilha pela metade.
E umas casas abandonadas, enfeitando a cidade.
Uma lágrima, duas lágrimas e minha angústia apertada.
Acordo chorando e tudo se movendo, e tudo me sugando.