Valkyria A.

Os dias.

E é todo domingo o mesmo aperto.
Da segunda chegando
por si mesma me lembrando
levando consigo o meu sossego
de que terei ali, naquele lugar fúnebre o mesmo do dia anterior.

E é todo domingo o mesmo apelo.
"tédio dos infernos"
"domingo tedioso"
"onde estão as coisas boas?"
"Até quando este tédio tedioso?"
"Todo domingo é o mesmo tédio satânico" já dizia em meu twitter,
aquela velho ditado do dia ocioso.

E é toda segunda o mesmo aperto.
O dia não foi nada produtivo.
O que eu estou fazendo comigo?
Porque será que me sinto tão deslocada.
Nessa maldita segunda que sempre parece inacabada.

E é toda terça o mesmo apelo.
Amanhã já é quarta?
Porque nessa terça não fiz nada?
Porque ainda estou neste quarto escuro de prisão?
Porque eu mesma tapo a minha visão?
Será falta de esperanças na ilusão?

E toda quarta o mesmo aperto.
Então amanhã já é quinta.
Estou bem no meio da semana.
Porque não muda? Esse é o ponto!
Porque não procura mudar isso, Ana?

E toda quinta o mesmo apego.
Ah não, por favor, quinta, perdure.
Verei que não terei feito nada.
Nada terei feito até quando a quinta dure.

E toda sexta o mesmo aperto.
É, sábado eu realmente descansarei.
Mas não posso!
Preciso levantar ou morrerei.
Ah sexta, tão igual a todos os dias, no fim das contas.

E todo sábado o mesmo apelo.
Vamos Ana levante-se.
Vamos Ana recomponha-se.
Vamos Ana o domingo está chegando.
Vamos Ana o tempo está passando.

E todo domingo o mesmo aperto.
E todo domingo o mesmo apelo.