Legends

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sábado, 11 de maio de 2013

Eu sou acoplada a solidão.
Dela nasci, nela permaneci.
Sem mãe.
Sem pai.
Solitária.
Apenas um feto.
Um cisne abrindo suas asas.
Não, um cisne embalado em placenta.
Um cisne morto.
Morto antes da vida.
Um cisne negro.

Sou acoplada a solidão.
ela é o bálsamo negro que envolve as entranhas do meu coração.
Eu gosto de solidão.
Eu odeio gente.
Dela nasci, nela permaneci.
Sem mãe.
A minha mãe é a solidão.
Meu coração é puro.
Puro bálsamo negro.

Ó, sangue azul petrificado por baixo das raízes geladas.
Embale-me sob a neve decídua.

Mas não é doce essa solidão!
Não é doce onde eu possa me enlear e nunca mais voltar ao mundo dos homens.
Pois a divindade me elevo, quando encontro em mim meu mar negro.

Mas há realmente algo errado.
Que solidão é essa?
É a solidão de estar presa.
É a solidão que não nasceu comigo.
É aquela que veio para me prender.
É estar no meio de cisnes brancos, todos velejando para a união e a maternidade.
Não é esse o caminho do cisne negro de placenta irreconhecível.

São todos iguais.
E eu estou caindo.
E fechando as minhas asas.
Com sangue.
Fechando minhas asas.
Cortando...
Minhas asas.

Na solidão. Do homem leve, comum, idiota.