Legends

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domingo, 24 de junho de 2012

Garotos e garotas da mesma idade.

Algo está terrivelmente errado. 
Não sabes, garotinha? 
Foi você quem cometeu tal pecado.


Num vale alto como a ponte de sangue.
A velha menina passa todos os dias.
Com suas sapatilhas sujas.
Com seu olhar adulto.


Ela repete os seus nomes guardados.
Sob os solos enlameados.
Guardados para a morte.
Eles estão reservados.


Ela não é uma senhora.
Deveria ser, mas não é.
Ela é ele.
O cavaleiro do reino.


Dois passos e duas asas quebradas.
Dos anjos falsos que cingem coroas.
Em cima dos politicamente corretos
Que ganham batalhas com espadas.

sábado, 23 de junho de 2012

Me deixe morrer.

Eu acordo.
Eu sonho quando durmo.
Não importa.

Eu choro.
Eu como quando gosto.
Não importa.

Dentro de mim há tudo.
Dentro de mim há um buraco de lama.
Não importa.

Apenas me deixe aqui.
Apenas me deixe escorrer pelo ralo.
Andar pelo subterrâneo.
Rastejar como uma serpente.
Só não me pise, por favor.

Eu mordo.
Eu sorrio.
Eu tenho veneno.
Não importa.

Eu sinto dor.
Eu me balanço ao som do vento.
Não importa.

Quando chegarmos ao fundo do poço,
não se preocupe comigo.
Eu sempre estive lá.
Apenas me deixe aqui.
Só você não viu.
Apenas me deixe escorrer pelo ralo.
Não deixei você ver.
Andar pelo subterrâneo.
Rastejar como uma serpente.
Só não me pise, peço por favor.

Não tenha cuidado comigo.
Eu sorrio.
Eu mordo.
Não precisa se preocupar.
Eu penso.
Eu faço.
Não precisa olhar...

Eu acordo.
Enlameada.
De sangue meu.
Não importa.
Meu próprio sangue não importa.

Eu abro a porta.
Eu vejo você.
Eu me importo.

Você sorri.
Você vive.
Me importa.

Apenas me deixe.
Apenas me deixe rastejar como uma cobra.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não vivia.
Simplesmente não vivia.
Antes dele eu não vivia.
Não sabia viver.
Não sabia viver daquele jeito que eu sobrevivia.
Antes dele eu apenas sobrevivia.
Ele me ensinou a viver 
mesmo continuando no jeito em que sobrevivia.

Ele me ensinou várias coisas.
Ele me ensinou a saborear.
E parar de apenas comer.

Ele me ensinou a deixar as pessoas melhores.
E parar de apenas mentir.

Ele me ensinou a amar a Deus.
Sem precisar dizer isso duas ou quatro vezes.
Ou talvez não, ainda tenho dúvidas...

Ele também me ensinou a parar pra pensar.
Ao em vez de ter aqueles pensamentos que, apesar de  roboticamente fincados, não estavam nunca de todo errados.

Ensinou-me a colocar os pensamentos rápidos e embaraçados para fora em forma de cadeia ordenada.
Ao em vez de falar sobre geleia de abacaxi com canhões de guerra na chuva.

Ensinou-me que sobreviver não é ruim.
Mas viver é melhor.

Ensinou-me que ele me completava.
Que vivia do mesmo jeito que eu sobrevivia.

Ensinou-me que é um menino numa alma adulta.
Que só quem é feliz é quem quer.

Mas engana-se quem acha que perdi minha infelicidade prematura.
Ainda carrego comigo o pesado fardo que ele diz ser da adolescência.

Ainda sou um bebê infeliz.

Mas o fato é que ele me ensinou a viver do meu jeito.
Que é também o seu jeito.
No que antes eu sobrevivia.
É no que agora vivo.
Nem melhor, nem pior.
Só mais suportável.
Ao lado dele.
Amor.