Legends

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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eu aceito todos os castigos.
Tudo bem em meu coração secar com o stress.
Isso não é mesmo uma benção?
Quero dizer, esse castigo.

Em cima do castelo tinha um cartaz.
Compareçam ao jantar.
Pulem na barriga cheia da princesa.
Tripudiem, ela está apenas pagando pela preguiça.

Eu aceito todo o perjúrio.
Venham, crianças, façam pequenos buraquinhos.
Assim, costurem o que sobrar.
Cuidado, é pele.
Com calma, só para eu achar menos doloroso.

Em cima do castelo tinha um cartaz.
Compareçam ao jantar.
Vamos lá, ela está apenas pagando tudo.
É uma espécie de purgatório.
Está pagando pela solidão da qual ela tanto tem medo.

Ela é apenas uma garotinha.
Em uma pele de urso polar ela se envolve, quando faz frio.
Mas ela perdeu sua pele, agora.
E todos agora lembram da princesa de gelo.

Em cima do castelo tinha um cartaz.
Não darei mais comida aos pobres.
Em cima do castelo tinha um cartaz.
Não alimentarei mais os animais.
Em cima do castelo tinha um cartaz.
Meu coração secou.
Em cima do castelo tinha um cartaz...

O medo a tomou.
Ao confortável, queridos, ela se apegou.
Em seu gelo.
A miséria a tomou.
Ao aconchegante, ela se apegou.
Até que seu último sangue foi tirado.
Até que sua carne congele, e o sangue restante nas veias não lhe valha mais de nada.

domingo, 15 de julho de 2012

Bichinhos da maçã

Muita vontade de fazer uma loucura.
Os bichinhos da maça comem o seu amor.
Os prédios grandes e a evolução comem ele.

Deixa pra lá, ninguém vai entender mesmo o que eu quero dizer.
Quero cortar meus cabelos feios.
E deixá-los como os de uma mendiga.

Quero me balançar em cima de correntes sob fogo.
E quase cair lá.
Sair rindo do lugar.

Quero muito dançar sobre pregos.
Comer baratas a luz do sol,
assim, em praça pública.

Mas infelizmente sem você não tem graça.
Queria te arrastar para o inferno.
Mas tenho amor demais.

Seu amo sendo comido pelos bichinhos da maçã.
Prédios grandes e a evolução comem ele.
Nada mais importa.
Tudo é banal.

Lembra da terceira série?
Quando você comia os bichinhos da maçã?

Eu quero perder o juízo.
Acordar sob o sol da praia, sem saber que horas são.
Dormir sozinha.
Sim, sem você.
Pra me dizer o que fazer.

Quero arrastar-me por ai.


sábado, 7 de julho de 2012

Entupido.

Um pequeno verme
Como um pequeno verme
Enleie o meu coração.
Puxando devagar as veias sangrentas.
Entrando nelas deslizando, rastejando.
Devagar.
Penetrando.

Infeccione.
A verdade.
Para que ela nunca mais bata a minha porta.
Então, verme, dissipe-se.
Dentro de meu coração.
Fira-o.
Infrinja a passagem de sangue.
Torne-o um músculo duro.

Sem nada demais.
Contamine-o, por favor, estou pedindo.
Estou comendo você com os olhos.
Para que me tire dele.
Por favor, me tire dele.
Por favor, raiva, por favor, sujeira.
Por favor, mentira.
Tire meu coração do amor.

Entre nele.
Verminose.
Acabe com ele.
Coma cada pedacinho, devagar, se injetando, corroendo.
Bem devagar.
Mas bem devagar.
Sufoque as veias, entupa-as de lama.
De corpos de vermes.
Doentes.
Entupa-as. Agora.
Entupa-as, chupe-as como suco da vida.

Venha verme, tome-me.

Venham doenças, comam esta víscera.
Entupam-na de inspiração.
Entupam-na da tristeza.
Entupam-na.
Apenas entupam-na.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O mártir.

Artistas não deveriam existir.
Bombas seriam somente bombas.
Nada de interessante haveria ali.
Nada de histórico haveria ali.

Artistas não deveriam nascer.
Olhares seriam somente olhares.
Dor não haveria ali.
Medo não haveria ali.

Artistas não deveriam existir.
Cores seriam somente cores.
Sentimentos não haveria ali.
Imaginação não haveria ali.

Artistas deveriam descansar.
Sob o perfeito e harmonioso limbo.
Com sua alma sensível.
Depois deste grande caos.

Deveriam beber muito suco de espetaculares frutas viçosas.
Deitar-se sob uma cama empestada de pétalas de rosas.
Sem seus espinhos, na paz de sua morte.

Pela sensibilidade lhes dada,
deveriam dormir tranquilos.
Longe daqueles prédios que assustam seus sonhos.

Deveriam velejar pelas nuvens
Em dias de clima ameno perfeito.
Pela sua compaixão diante de tudo que o toca.
Pela sua compreensão.

Nunca aqueles que são sujos.
Nunca aqueles que vendem sua alma por um pouco de migalhas.
Mas sim aqueles que deitam-se sob a dor e o sofrimento.
E choram nelas palavras, versos, desenhos, pinturas, sem nada quererem em troca, além de conhecimento.
Reconhecimento.
De sua dor.

Oh, senhor!
Levei-os daqui.
Pelo menos os de alma mais sensível.
Que não sucumbem as tramas dos seres mais hostis.
Que não tem coragem de vender seus sonhos a custo de ganancia.

Arrebatai-os, na hora em que eles não conseguirem mais sob o sofrimento deitar.
Quando seus corações estiverem encharcados de lágrimas dançantes.
Quando bombas atômicas não forem mais elas.
Quando anjos não existirem, nem sequer de forma tediosa e real, como vemos aqui.

Artistas não deveriam existir.
E árvores seriam apenas madeira oca e plantas verdes.
E o verde delas seria apenas uma cor.
E a cor seria apenas o que um humano tem a capacidade de ver.
E seria nada para aquele que não tem essa capacidade.

Artistas não deveriam nascer.
Não é justo só eles arrebentarem suas costas curvadas com vários seres nelas.
Aqueles que muitas vezes abrem mão de suas importâncias.
Para darem lugar a corações sem paz.
A vidas sem cores.
A vida sem arte.
Por ideais de um mundo incompreensivo.

Artistas deveriam subir aos céus.
E lá aguardar o julgamento que é de todos.
Não, artistas não seriam santos, por sentirem mais.
Mas deveriam nunca ter nascido.
Apenas esperado o julgamento correto, no que eles chamam "limbo".

Artistas não deveriam ter nascido.
No meio desta euforia.
Deste disparate por poder.
Onde um artista não vez nem voz.
Pois ser você é proibido.
Esclarecer mentes é pena de morte.
E não querer subir nas costas alheias para conseguir algo é pecado.
Sob pena de morrer de fome.
Quem dera mesmo a eles morrer.
É por isso que apelo.

Artistas deveriam estar lá.
Longe daqui.
Este mundo deveria ser só deles.
Do nada.
Do nada sufocado.
Do nada caído.
Do nada sofrido.
Sem algum sentido.